sábado, 13 de julho de 2019

Liturgia e o culto conforme a Bíblia


A liturgia é considerada um ofício ou serviço por várias denominações cristãs e tornou-se algo oficial e público como uma forma de cultuar a Deus.

A palavra tem origem no grego “leitourgos”, o qual servia para descrever alguém que exercia um serviço público ou liderava uma cerimônia sagrada. Duas palavras gregas se juntaram: “Leitopúblico, “ergos” aquele que faz um trabalho; Portanto, seria o trabalho público que está em função do povo para o povo.

Fazendo um rápido comparativo do Antigo Testamento e do Novo Testamento com os nossos dias atuais, podemos observar:

GÊNESES AO ÊXODO – O culto ao Senhor era familiar, centralizado no altar (Gn 4.1-6; 8.20, Jó 1.5). Bem como, a fé e a obediência a Deus vinculada às instruções de sua Palavra, possibilitou Abel a ter a sua oferta aceita pelo Senhor Deus (Hb 11, 4). Já a oferta de Caim foi rejeitada, pois não aceitou as instruções subentendidas em Gênesis 4, 7.
Deus só aceita o culto sincero, pois Ele examina as nossas intenções. Outrossim, devemos avaliar e corrigir constantemente as nossas atitudes (Sl 66, 18).

ÊXODO À MONARQUIA Período do tabernáculo, era a habitação simbólica de Deus, bem como, seus utensílios tinham suas simbologias vinculadas a Deus. As prescrições para aproximação e purificação eram rigorosas e foram dadas pelo próprio Deus a Moisés.
A própria posição do tabernáculo no centro do acampamento (Nm 1.52,53 e 2.1-2) mostra a centralidade do culto, da nação a Deus. Outrossim, toda descrição, construção, dedicação e uso mostra que Deus não somente quer o nosso culto, mas Ele diz como devemos cultuá-lo.

MONARQUIA À EXÍLIO – Período de maiores mudanças e de centralidade do culto, a orientação para o serviço sacerdotal permanecia válida, o povo se reuniam para a adoração ao Senhor.
Os profetas criticaram o culto da antiga aliança (Is 1.11-15), pois povo desejava comparecer diante de Deus para receber Dele todos os benefícios do culto, mas não o servia fazendo o bem ao próximo. Culto não é um ritual, mas um ato em atitude de vida.


EXÍLIO Período em que não havia templo, não havia sacrifício, não havia sacerdócio. Em meio ao caos, Deus enviou profetas como Ezequiel para encorajar seu povo a se voltar para Ele para cultuá-lo, pois Ele sempre permanecia fiel a sua aliança, com seu povo.
Surge, então, grupo de israelitas que se reuniam no exílio, onde começaram a ser conhecido depois como “sinagoga”.

PÓS-EXÍLIO Período de Esdras e Neemias, a volta do povo de Israel do exílio babilônico. Houve o retorno à Lei de Deus (Torah), que começou a ser lida perante o povo. Assim, o templo foi restaurado, os sacerdotes voltaram as atividades, os sacrifícios e as ofertas retornaram a ser feitos.
O Antigo Testamento mostra o culto público voltado e centralizado em uma adoração na santidade de Deus, mas, hodiernamente, encontramos algo focalizado no emocionalismo, na esperteza e criatividade humana, sem nenhuma racionalidade Bíblica.

John H. Armstrong acusa grande parte da adoração moderna de ser “McAdoração”, ou seja, ele a compara a um “lanche popular”, algo produzido em escala industrial para satisfazer alguns consumidores.

Antes o templo era o único lugar de adoração e reunião dos judeus devotos a Deus. Entretanto, como templo foi destruído e o povo levado para a Babilônia no exílio, eles não podiam mais se reunir, e é nesse período que começam a surgir as sinagogas que mantiveram a religião dos judeus, a leitura das Escrituras e os louvores a Deus.

O modelo de culto e liturgia que hoje conhecemos, veio por intermédios dos cristãos primitivos em modelo das sinagogas.

O CULTO NA SINAGOGA, era dividido:
Primeira parte: Recitação do “Shema” “Ouve” título tirado da primeira palavra do texto de Dt 6, 4 – 9. Além do texto supracitado também era recitado Dt 11, 13 – 21 e Nm 15, 37 – 41.

Segunda parte: Cântico de Salmos

Terceira parte: Orações e rituais

Quarta parte: Parte mais importante do culto, leitura do Velho Testamento. Essa leitura era feita por um homem que soubesse ler em hebraico, tendo um intérprete em aramaico, explicando o texto de forma mais compreensível ao contexto histórico.

Quinta parte: Bênção Sacerdotal pronunciada por algum membro sacerdotal da congregação, na ausência de um sacerdote, no lugar da bênção, era feita uma oração.
Podemos compreender que o culto (liturgia) na sinagoga, tinha três elementos principais e fundamentais: Louvores, orações e instruções (ensino da Palavra de Deus).

Nas reuniões, eles adoravam a Deus com cânticos, liam as Escrituras e ouviam ensinamentos e exortações” (Atos dos Apóstolos 13:15).

Mas essa reunião tem que ser de acordo com Hb 10, 24-25. Não podemos viver isolados iguais a ilhas, pois temos a responsabilidade de influenciar pessoas para o bem. Por isso quando nos reunimos é para encorajarmos, admoestando uns aos outros através da Palavra de Deus, não podemos nos preocupar somente com nosso “bem estar”, mas temos responsabilidades de incentivar outras pessoas a permanecerem fervorosamente no amor de Deus a serviço do Reino, em busca de almas, pois se aproxima aquele Dia “a volta do Senhor Jesus”

Pois bem, o que significa culto? Culto, no grego, é latréia, que aparece 21 vezes no Novo Testamento, e significa literalmente “serviço religioso”. Então, que tipo de serviço estamos prestando a Deus? Pois sendo um cristão autêntico de acordo com os preceitos Bíblicos, eu devo somente adorar a Deus.

Culto e adoração são dois elementos fundamentais da liturgia cristã. A liturgia cristã autêntica se destaca por sua fundamentação cristológica. O culto se torna nulo, se não for identificado pela presença de Cristo, através do seu Espirito Santo. Além disso, o objetivo fundamental de um culto é tornar Deus real e pessoal.

Na adoração devia também incluir ofertas, e os sacrifícios, tudo isso deve expressar gratidão, devoção, desejo de comunhão e meditação, prontidão. Como também, no Antigo Testamento a voluntariedade era fundamental para compartilhar as coisas materiais com os sacerdotes, os levitas, os pobres e as viúvas; Não havia lugar para a mesquinhez no culto.

Atenção e muito cuidado!
Quando Deus é esquecido no culto e as pessoas se concentram no homem, Deus é um mero espectador. Principalmente no culto misturado com aniversário para pastores, política, shows, teatros, danças, luz negra, jogos de luzes, fumacinha ou qualquer reunião que não seja o verdadeiro culto a Deus. Bem como, podemos citar algumas heresias, do lenço ungido, garrafa ou copo de água ungida, rosa ungida, corredor de fogo, cadeira separada no culto para algum espírito específico, etc. Tudo isso são heresias, pois no verdadeiro culto, Deus e Jesus tem ser centralizado na adoração, e o poder está somente no Nome de Jesus.

E, ainda, a excelência musical no culto tem o seu valor cultural e espiritual, contudo, pode levar a uma distorção do conceito de aceitação diante de Deus, principalmente quando adoramos mais a criatura do que o Criador. Pois o perigo está na dificuldade de perceber a distinção do equilíbrio entre “emoção e razão”. Como devemos desenvolver a música na igreja (pessoas)? Em primeiro lugar, ser conscientizados de que adoração é doação, antes de ser prazer pessoal.

Conforme Pr. Elienai Cabral, “as formas de adoração caracterizam maneiras de cultuar, e não medem a realidade ou grande espiritualidade do adorador. Não podemos dogmatizar formas externas de cultuar porque elas podem engessar a liberdade de espírito de manifestação. Bem como, devemos ter o cuidado de ensinar acerca do equilíbrio entre emoção e espiritualidade, sem bloquear a ação do Espírito Santo”.

Colossenses 3.16 “Habite ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutualmente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração.”

A Palavra de Cristo, citada em Colossenses, refere-se a mensagem proclamada por Cristo (o Evangelho). Para nós, isso significa a prioridade ao ensino Bíblico, pois o mesmo tem que estar inserido na liturgia de culto a Deus. O ensino da palavra deve habitar permanentemente no nosso coração (mente).

A pregação não pode ser apenas aos momentos finais do culto, pois este é o meio pelo qual Deus revela sua vontade. A Palavra de Deus não é matéria para ser apenas descrita ou comentada, mas deve ser ensinada e explicada detalhadamente (Ne 8.3, 7- 8, 12).

No ensino da Palavra, Deus é glorificado, os descrentes são confrontados, os crentes são edificados e a igreja é fortalecida.

Habitar no seu coração, quando Paulo faz citação em Éfesios 3, 17, exatamente a palavra grega "habitar " tem o significado de estabelecer, fixar residência permanente.

Jesus encontra lugar no coração, uma vez que esse é o centro das emoções e a vontade de uma pessoa. Ele fixa residência em nossos corações, somente naqueles que creem Nele.

Nisso, teremos a presença do Espírito Santo que nos fortalece, a ficar arraigados e fundamentados no amor de Deus. Assim, teremos o discernimento e a capacidade de entender o seu amor por nós, e estaremos inseridos em uma genuína liturgia.

Na genuína liturgia, toda congregação tem a responsabilidade de ensinar e admoestar (aconselhar ou advertir), por intermédio da Palavra de Deus, pois esse ensino vai nos corrigir.

O Salmos, hinos e cânticos espirituais, o ensino da Palavra, era usada através dos salmos, também eram inseridos nos hinos, cânticos espirituais. Esses ensinos eram colocados nas músicas, pois era fácil para memorização e a transmissão de uma pessoa para outra. Por isso a necessidade e importância da música, ser baseada na Palavra de Deus.

Oração e confissão (Jó 1.5; Lv 16.15,16; 1Cr 16.39,40;2Cr 6.21-31; Ed 9.1-3). O pecado tinha que ser coberto, a expiação, a propiciação foi feita por Cristo, em nosso favor. Os sacrifícios do Antigo Testamento apontavam para aquilo que Cristo iria fazer.
No Antigo Testamento não havia culto nem adoração sem sacrifícios; não havia culto sem altar. Para nós, não há culto sem o significado da cruz, não há culto sem Jesus Cristo, o que foi imolado (morto) e que agora reina.

Portanto, ofereçamos sempre por ele a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome. Hebreus 13:15

Com a morte de Jesus Cristo, terminou a necessidade de sacrifícios de sangue. Mas podemos oferecer um sacrifício de louvor, isso significa, que devemos oferecer a nós mesmos, deixando de lado nossos próprios desejos. Nosso comportamento, atitudes, vão ser nosso sacrifício de louvar a Deus, sendo assim um verdadeiro serviço (liturgia), um verdadeiro culto a Deus.

Para deixar bem fixado em nossa memória, os verdadeiros elementos e insubstituíveis no genuíno culto a Deus são: Louvores, orações e instruções (ensino da Palavra de Deus), todos centralizados na pessoa de nosso amado e Salvador Jesus Cristo.

Pr. Charles Fernandes - CIADESCP / CGADB
Bacharel em Teologia, Administração Financeira.
Pós-graduação em Gestão e Metodologia do Ensino Superior Interdisciplinar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário