A
liturgia é considerada um ofício ou serviço por várias
denominações cristãs e tornou-se algo oficial e público como uma
forma de cultuar a Deus.
A
palavra tem origem no grego “leitourgos”, o qual servia
para descrever alguém que exercia um serviço público ou liderava
uma cerimônia sagrada. Duas palavras gregas se juntaram: “Leito”
público, “ergos” aquele que faz um
trabalho; Portanto, seria o trabalho público que está em função
do povo para o povo.
Fazendo
um rápido comparativo do Antigo Testamento e do Novo Testamento com
os nossos dias atuais, podemos observar:
GÊNESES
AO ÊXODO – O
culto ao Senhor era familiar, centralizado no altar (Gn 4.1-6;
8.20, Jó 1.5). Bem como, a fé e a obediência a Deus vinculada às
instruções de sua Palavra, possibilitou Abel a ter a sua oferta
aceita pelo Senhor Deus (Hb 11, 4). Já a oferta de Caim foi
rejeitada, pois não aceitou as instruções subentendidas em Gênesis
4, 7.
Deus
só aceita o culto sincero, pois Ele examina as nossas intenções.
Outrossim, devemos avaliar e corrigir constantemente as nossas
atitudes (Sl 66, 18).
ÊXODO
À MONARQUIA –
Período do tabernáculo, era a habitação simbólica de
Deus, bem como, seus utensílios tinham suas simbologias vinculadas a
Deus. As prescrições para aproximação e purificação eram
rigorosas e foram dadas pelo próprio Deus a Moisés.
A
própria posição do tabernáculo no centro do acampamento (Nm
1.52,53 e 2.1-2) mostra a centralidade do culto, da nação a Deus.
Outrossim, toda descrição, construção, dedicação e uso mostra
que Deus não somente quer o nosso culto, mas Ele diz como devemos
cultuá-lo.
MONARQUIA À EXÍLIO –
Período de maiores mudanças e de centralidade do culto, a
orientação para o serviço sacerdotal permanecia válida, o povo se
reuniam para a adoração ao Senhor.
Os
profetas criticaram o culto da antiga aliança (Is 1.11-15), pois
povo desejava comparecer diante de Deus para receber Dele todos os
benefícios do culto, mas não o servia fazendo o bem ao próximo.
Culto não é um ritual, mas um ato em atitude de vida.
EXÍLIO
– Período em que não
havia templo, não havia sacrifício, não havia sacerdócio. Em meio
ao caos, Deus enviou profetas como Ezequiel para encorajar seu povo a
se voltar para Ele para cultuá-lo, pois Ele sempre permanecia fiel a
sua aliança, com seu povo.
Surge,
então, grupo de israelitas que se reuniam no exílio, onde começaram
a ser conhecido depois como “sinagoga”.
PÓS-EXÍLIO
– Período de Esdras e
Neemias, a volta do povo de Israel do exílio babilônico. Houve o
retorno à Lei de Deus (Torah), que começou a ser lida perante o
povo. Assim, o templo foi restaurado, os sacerdotes voltaram as
atividades, os sacrifícios e as ofertas retornaram a ser feitos.
O
Antigo Testamento mostra o culto público voltado e centralizado em
uma adoração na santidade de Deus, mas, hodiernamente,
encontramos algo focalizado no emocionalismo, na esperteza e
criatividade humana, sem nenhuma racionalidade Bíblica.
John
H. Armstrong acusa grande parte da adoração moderna de ser
“McAdoração”, ou seja, ele a compara a um “lanche
popular”, algo produzido em escala industrial para satisfazer
alguns consumidores.
Antes
o templo era o único lugar de adoração e reunião dos judeus
devotos a Deus. Entretanto, como templo foi destruído e o povo
levado para a Babilônia no exílio, eles não podiam mais se reunir,
e é nesse período que começam a surgir as sinagogas que mantiveram
a religião dos judeus, a leitura das Escrituras e os louvores a
Deus.
O
modelo de culto e liturgia que hoje conhecemos, veio por intermédios
dos cristãos primitivos em modelo das sinagogas.
O
CULTO NA SINAGOGA, era dividido:
Primeira
parte: Recitação do “Shema” “Ouve” título
tirado da primeira palavra do texto de Dt 6, 4 – 9. Além do
texto supracitado também era recitado Dt 11, 13 – 21 e Nm 15,
37 – 41.
Segunda
parte: Cântico
de Salmos
Terceira
parte: Orações e rituais
Quarta
parte: Parte mais importante do culto, leitura do Velho
Testamento. Essa leitura era feita por um homem que soubesse ler em
hebraico, tendo um intérprete em aramaico, explicando o texto de
forma mais compreensível ao contexto histórico.
Quinta
parte: Bênção
Sacerdotal pronunciada por algum membro sacerdotal da
congregação, na ausência de um sacerdote, no lugar da bênção,
era feita uma oração.
Podemos
compreender que o culto (liturgia) na sinagoga, tinha três elementos
principais e fundamentais: Louvores, orações e
instruções (ensino da Palavra
de Deus).
“Nas
reuniões, eles adoravam a Deus com cânticos, liam as Escrituras e
ouviam ensinamentos e exortações” (Atos dos Apóstolos
13:15).
Mas
essa reunião tem que ser de acordo com Hb 10, 24-25. Não podemos
viver isolados iguais a ilhas, pois temos a responsabilidade de
influenciar pessoas para o bem. Por isso quando nos reunimos é para
encorajarmos, admoestando uns aos outros através da Palavra de Deus,
não podemos nos preocupar somente com nosso “bem estar”,
mas temos responsabilidades de incentivar outras pessoas a
permanecerem fervorosamente no amor de Deus a serviço do Reino, em
busca de almas, pois se aproxima aquele Dia “a volta do Senhor
Jesus”
Pois
bem, o que significa culto? Culto, no grego, é latréia, que
aparece 21 vezes no Novo Testamento, e significa literalmente
“serviço religioso”. Então, que tipo de serviço estamos
prestando a Deus? Pois sendo um cristão autêntico de acordo com os
preceitos Bíblicos, eu devo somente adorar a Deus.
Culto
e adoração são dois elementos fundamentais da liturgia
cristã. A liturgia
cristã autêntica se destaca por sua fundamentação
cristológica. O culto se torna nulo, se não for identificado pela
presença de Cristo, através do seu Espirito Santo. Além disso, o
objetivo fundamental de um culto é tornar Deus real e
pessoal.
Na
adoração devia também incluir ofertas, e os sacrifícios, tudo
isso deve expressar gratidão, devoção, desejo de comunhão e
meditação, prontidão. Como também, no Antigo Testamento a
voluntariedade era fundamental para compartilhar as coisas materiais
com os sacerdotes, os levitas, os pobres e as viúvas; Não havia
lugar para a mesquinhez no culto.
Atenção
e muito cuidado!
Quando
Deus é esquecido no culto e as pessoas se concentram no homem, Deus
é um mero espectador. Principalmente no culto misturado com
aniversário para pastores, política, shows, teatros, danças, luz
negra, jogos de luzes, fumacinha ou qualquer reunião que não seja o
verdadeiro culto a Deus. Bem como, podemos citar algumas heresias, do lenço ungido, garrafa ou copo de água ungida, rosa ungida, corredor de fogo, cadeira separada no culto para algum espírito específico, etc. Tudo isso são heresias, pois no verdadeiro culto, Deus e Jesus tem ser centralizado na adoração, e o poder está somente no Nome de Jesus.
E,
ainda, a excelência musical no culto tem o seu valor cultural e
espiritual, contudo, pode levar a uma distorção do conceito de
aceitação diante de Deus, principalmente quando adoramos mais a
criatura do que o Criador. Pois o perigo está na dificuldade de
perceber a distinção do equilíbrio entre “emoção e razão”.
Como devemos desenvolver a música na igreja (pessoas)? Em primeiro
lugar, ser conscientizados de que adoração é doação, antes de
ser prazer pessoal.
Conforme
Pr. Elienai Cabral, “as formas de adoração caracterizam
maneiras de cultuar, e não medem a realidade ou grande
espiritualidade do adorador. Não podemos dogmatizar formas externas
de cultuar porque elas podem engessar a liberdade de espírito de
manifestação. Bem como, devemos ter o cuidado de
ensinar acerca do equilíbrio entre emoção e espiritualidade, sem
bloquear a ação do Espírito Santo”.
Colossenses
3.16 “Habite ricamente, em vós a palavra de Cristo;
instruí-vos e aconselhai-vos mutualmente em toda a sabedoria,
louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com
gratidão, em vosso coração.”
A
Palavra de Cristo, citada em Colossenses, refere-se a mensagem
proclamada por Cristo (o Evangelho). Para nós, isso significa a
prioridade ao ensino Bíblico, pois o mesmo tem que estar inserido na
liturgia de culto a Deus. O ensino da palavra deve habitar
permanentemente no nosso coração (mente).
A
pregação não pode ser apenas aos momentos finais do culto, pois
este é o meio pelo qual Deus revela sua vontade. A Palavra de Deus
não é matéria para ser apenas descrita ou comentada, mas deve ser
ensinada e explicada detalhadamente (Ne 8.3, 7- 8, 12).
No
ensino da Palavra, Deus é glorificado, os descrentes são
confrontados, os crentes são edificados e a igreja é fortalecida.
Habitar
no seu coração, quando Paulo faz citação em Éfesios 3, 17,
exatamente a palavra grega "habitar " tem o significado de
estabelecer, fixar residência permanente.
Jesus
encontra lugar no coração, uma vez que esse é o centro das emoções
e a vontade de uma pessoa. Ele fixa residência em nossos corações,
somente naqueles que creem Nele.
Nisso,
teremos a presença do Espírito Santo que nos fortalece, a ficar
arraigados e fundamentados no amor de Deus. Assim, teremos o
discernimento e a capacidade de entender o seu amor por nós, e
estaremos inseridos em uma genuína liturgia.
Na
genuína liturgia, toda congregação tem a responsabilidade
de ensinar e admoestar (aconselhar ou advertir), por intermédio da
Palavra de Deus, pois esse ensino vai nos corrigir.
O
Salmos, hinos e cânticos espirituais, o
ensino da Palavra, era usada através dos salmos, também eram
inseridos nos hinos, cânticos espirituais. Esses ensinos eram
colocados nas músicas, pois era fácil para memorização e a
transmissão de uma pessoa para outra. Por isso a necessidade e
importância da música, ser baseada na Palavra de Deus.
Oração
e confissão (Jó 1.5; Lv 16.15,16; 1Cr 16.39,40;2Cr 6.21-31; Ed
9.1-3). O pecado tinha que ser coberto, a expiação, a propiciação
foi feita por Cristo, em nosso favor. Os sacrifícios do Antigo
Testamento apontavam para aquilo que Cristo iria fazer.
No
Antigo Testamento não havia culto nem adoração sem sacrifícios;
não havia culto sem altar. Para nós, não há culto sem o
significado da cruz, não há culto sem Jesus Cristo, o que foi
imolado (morto) e que agora reina.
Portanto,
ofereçamos sempre por ele a Deus sacrifício de louvor, isto é, o
fruto dos lábios que confessam o seu nome. Hebreus 13:15
Com
a morte de Jesus Cristo, terminou a necessidade de sacrifícios de
sangue. Mas podemos oferecer um sacrifício de louvor, isso
significa, que devemos oferecer a nós mesmos, deixando de lado
nossos próprios desejos. Nosso comportamento, atitudes, vão ser
nosso sacrifício de louvar a Deus, sendo assim um verdadeiro serviço (liturgia), um verdadeiro culto a Deus.
Para
deixar bem fixado em nossa memória, os verdadeiros elementos e
insubstituíveis no genuíno culto a Deus são: Louvores, orações
e instruções (ensino da
Palavra de Deus), todos centralizados na pessoa de nosso amado e
Salvador
Jesus Cristo.
Pr.
Charles Fernandes - CIADESCP / CGADB
Bacharel em Teologia,
Administração Financeira.
Pós-graduação em Gestão e
Metodologia do Ensino Superior Interdisciplinar.